quarta-feira, dezembro 20, 2006

Sobre Mulheres e Faunos (anexo)

Não é meu amor porque não mais escrevo aqui, que você não esteja cada minuto de cada dia em meu pensamento. É que nem tenho mais palavras, que de mim pouco sai ultimamente. Que se olho para o novo ano que se aproxima tentando dar entusiasmados votos de que vamos todos nos sentir melhor e que 2007 será muito melhor, não meu lindo. ..nada está igual, nada nunca será igual.
Que a partir de agora nenhum Natal ou ano novo(?) será o mesmo nem pra mim nem para os teus. Que nos juntamos aos muitos que sofrem nesta época do ano a ausência dos seus entes queridos, enlutados, chorosos, conformados ou não, aceitando ou não...nos cabe pouca alternativa, e, o tal dilema da espiritualidade, que dizer-se espiritualizado colide com força brutal em minha alma que pouco sabe, ao realmente perder-te tão violentamente. E sei, que você pouco conformado estaria também se o mesmo acontecesse aos teus amados. Sinto no entando, que tu o tentarias com melhor capacidade que eu: entender, deixar ir e orar. Sim amor...tenho tentado, deixo-o ir de mim desejando-lhe luz e paz e tem horas que acredito mesmo que aquilo que não nos mata nos fortalece.


Não meu amor, não tenho sido bem sucedida e confesso. O tal tempo que dizem ser sábio me fará um enorme favor me mostrando a sua face afetuosa. Tem dias que acordo forte e serena, logo depois despencando vergonhosamente pelos rochedos que sempre amei. Descobri com humor quase britânico que dirijo relativamente bem chorando em arroubos incontroláveis que vem do nada e que para o nada me levam.
Te deixo ir porque alguma doutrina tenho mas, não porque meu coração o quer, que dele parece que nunca vais partir e oro sempre contra o meu egoísmo, contra minha auto-piedade lembrando dos teus amados, dos teus amores, dos teus familiares, jamais comparando dores. Dor é mesmo coisa terrível pra qualquer coração e me solidarizo a todos que a sentem por ti.
Mas...puxando o lado valente e guerreiro em mim, não digo que a vida segue. Nós seguimos, como seguiram os seres humanos por gerações. A nossa força vital nos lembra do que há a fazer e viver e que se realmente acreditamos na energia espiritual, no poder de algo maior que nós e no nosso próprio poder espiritual devemos apenas amar mesmo, chorar por vezes, lembrar-te, honrar-te com saudade eterna e a certeza de que estás conosco...dentro, fora, ao lado, acima...que você caminha na estrada paralela e bonita, liberto como nós todos estaremos um dia e aí e só aí, nos reencontraremos meu amor. O resto...é silêncio.


Paola





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