quinta-feira, maio 14, 2009


Jovem espancado está em coma

SABRINA PACCA

Está em coma na Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes, em estado crítico, o jovem Felipe Lalda Vilela, 18 anos, vítima de espancamento na noite da última sexta-feira, na Rua Júlio Prestes, em frente à sede do Lions Clube, a menos de 500 metros do 1º Distrito Policial, no Parque Monte Líbano. Felipe foi agredido por quatro homens armados com paus e telhas e levou diversas pancadas na cabeça. Ele sofreu traumatismo craniano e já passou por duas cirurgias para retirada de coágulos, mas corre risco de morte.
Segundo depoimentos de colegas que presenciaram a briga, Felipe estava no BarFly, estabelecimento localizado na mesma rua, em frente ao Lions, por volta das 21h30, quando viu quatro homens chutarem uma garrafa na direção de uma colega, de 15 anos, que estava sentada na calçada. Ela relatou a O Diário o que aconteceu, mas não se identificou por ser menor de idade. "Eu estava conversando com uma amiga quando esses bandidos chegaram e chutaram a garrafa de vidro. Os estilhaços atingiram minha perna e eu comecei a tomar satisfação. Nisso, o Felipe viu e foi me defender. Começou a juntar muita gente e eles saíram correndo, em direção ao cemitério", lembrou a garota.
Ela afirma que, pouco tempo depois, essas quatro pessoas voltaram com paus e telhas que conseguiram em uma caçamba contendo restos de material de construção. "Eles vieram em minha direção para me agredir, mas uma mulher entrou na frente e eles bateram nela. Foi então que o Felipe, que é nosso amigo, e mais dois meninos entraram no meio e a confusão estava formada. Eles bateram no Felipe com as telhas e as madeiras e fugiram. Chamamos a Polícia imediatamente", relatou a menina.
Ela diz, ainda, que quando os policiais chegaram ao local da briga, Felipe estava falando e agia normalmente. "Nos parecia que ele estava bem. Contamos o que aconteceu aos policiais que chegaram a encontrar os quatro, mas não os prenderam. A Polícia voltou e nos disse que não poderia fazer nada porque se tratava de uma briga de rua e que como eles também estavam machucados, a situação ficaria elas por elas. Nos falaram ainda que poderíamos registrar um boletim de ocorrência, mas como todo mundo aparentemente estava bem, achamos que não seria necessário", explicou a adolescente. Os jovens desconhecem a identidade dos policiais que fizeram o atendimento.
Depois do ocorrido, todos foram embora. Felipe foi a pé para a casa dele, localizada na Vila Natal. A mãe do menino, Cristiane Mara Oliveira, conta que seu filho foi acompanhado de dois amigos até a metade do caminho. "Eu fiquei sabendo que deixaram meu filho naquela praça próxima ao cemitério, na Rua Cardoso Siqueira, porque acharam que ele estava bem de saúde. O Felipe só tinha um corte na sobrancelha, mas o que ninguém sabia é que ele estava muito machucado, por dentro. Meu filho andou até a nossa casa, cambaleando, sozinho, coitadinho", contou, aos prantos, a mãe desesperada.
Ela lembra que, por volta de 23 horas, escutou um barulho e viu que era Felipe, que tinha caído na escada da casa. "Vi meu filho sangrando e o levei para a Santa Casa. Estava muito preocupada e tentava tirar dele o que tinha acontecido, mas ele estava com sono. Ele me contou que apanhou. Quando chegamos ao hospital, Felipe vomitou. Ele tinha bebido um copo de vinho, mas não estava bêbado. Acho que ele vomitou porque bateram na cabeça dele mas, no início, meu filho foi tratado pelos enfermeiros como se estivesse embriagado, apesar de eu ter negado isso, por várias vezes, e de meu filho também ter falado", salientou Cristiane.
Segundo a mãe, quando o médico plantonista chegou para atender o jovem, ele perguntou se Felipe havia usado drogas. "Neguei. Meu filho não estava drogado e muito menos bêbado. Ele havia sido espancado e ninguém entendia isso naquele hospital", salientou.
Já às 7 horas de sábado, de acordo com Cristiane, o menino começou a ter convulsões. "Corri e chamei a enfermeira porque eu tentava falar com ele e meu filho não respondia. Isso não é coisa de quem está bêbado. Depois de muito tempo viram que o estado dele era grave e Felipe foi levado para a emergência. O neurologista, que não me recordo o nome, depois de fazer exames, me disse que bateram muito na cabeça do meu filho e que ele teve o cérebro deslocado. Estava com um coágulo e necessitava de operação urgente", destacou, Cristiane.
Às 9 horas, segundo ela, o jovem sofreu a primeira cirurgia. "Na terça-feira eu voltei no hospital e me contaram que ele foi operado de novo. O médico me falou que meu filho corre grande risco de morrer. A minha revolta é que se aqueles policiais tivessem detido os quatro marginais que bateram no Felipe, hoje eu saberia a quem culpar. Eu e minha família precisamos de uma resposta. Quem deixou minha criança neste estado?", questionou Cristiane, bastante emocionada.

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